PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educação hospitalar da criança e do adolescente representa um novo desafio à educação, especificamente ao psicopedagogo, que, devido sua formação interdisciplinar é um dos profissionais mais aptos a esta modalidade.
A alternativa de apoio educacional psicopedagógico ao paciente interno é interessante para assegurar-lhe uma boa recuperação em meio à inquietação oriunda da preocupação sobre o tratamento recomendado à recuperação e o tempo de hospitalização.
Em suma, o ambiente hospitalar é um local que emana diversos sentimentos e sensações: ora de doença ou saúde, de imensa tensão ou angústia ou então de alívio, cura ou consolo. Extremamente técnico, aos poucos o local se abriu a outros profissionais que não são da área da saúde. No caso do psicopedagogo é necessário conectar-se com a equipe, criando um elo de ligação entre as especialidades.
De acordo com Vasconcelos (2000), as doenças tratadas no hospital podem ser classificadas em:
- Acidentes, sejam acidentes domésticos (queimaduras, quedas, feridas), ou acidentes externos. Para esta categoria, junte-se tentativa de suicídio, estupros e espancamentos (casos de maus-tratos). Esta primeira classificação constitui o que se chama traumatologia e internações gerais.
- Enfermidades de má formação congênita, como afecções ósseas, nefrológicas, hepáticas, neurológicas ou musculares: má-formação de membros ou do esqueleto, escolioses, luxações congênitas das articulações do quadril, miopatias, etc.
- Finalmente, enfermidades adquiridas ao nascimento ou de crescimento: debilidade motora cerebral, poliartrite, poliomielite, tumores musculares ou ósseos, cânceres.
As equipes médicas agrupam cirurgiões, médicos, anestesistas, enfermeiras, auxiliares de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, bem como, psicopedagogos. Ainda pode-se contar com visitas voluntárias, com intenções diversas, sejam elas recreativas, religiosas ou humanitárias.
Toda esta equipe acompanha, direta ou indiretamente, todas as etapas de uma internação, que em geral são enfrentadas de forma diferente por cada indivíduo hospitalizado.
A sensação de dor, por exemplo, é sentida diferentemente de acordo com a idade do paciente e de acordo com diferenças individuais.
Nessa hora, nossa intervenção ganha uma razão de ser, mas não é ainda, necessariamente aquilo que traz a cura, logo, não é essencial. Ainda não é fácil de distinguir entre a dor e outras agressões de que a criança é a vítima (separação da mãe, mudança de quadro, rostos e procedimentos desconhecidos) (...) Nossa intervenção leva em conta o estado emocional da criança que pede socorro quando se nega a uma atividade ou quando é agressiva (...) Em nossa escuta de Psicopedagogo, devemos agir por uma atividade que possa transpor o sofrimento de angústia, de solidão - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim, muitas vezes as crianças não são capazes de expressar nem de reproduzir o que as faz temer, desenvolvendo angústias, fazendo surgir depressão, revolta ou desespero, ou ainda a possibilidade de regressão no nível de desenvolvimento. Mais uma vez, o psicopedagogo é aquele que faz diferença, trazendo o sentimento de valorização da vida, amor próprio, auto-estima, aceitação e segurança - recuperar estes prazeres e garantir a construção dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente escolar, é função do trabalho psicopedagógico que se insere na esfera hospitalar. Afinal, a aprendizagem é um processo tão amplo e grandioso que ocorre através de interações, em qualquer lugar.